23 de novembro de 2011

Hoje me vi, pela primeira vez


"Eu vi meu rosto. Hoje, pela primeira vez, eu realmente enxerguei com detalhe e precisão essa máscara permanente com a qual me apresento para o mundo.
Fui apresentada à desconhecida que sempre esteve ao meu lado. Poderia dizer que dormia com o inimigo, que era perseguida, que mexia com estranhos...
Meu rosto era um grande não saber. Um dos 30 x 15 cm mais relevantes que eu ignorava! Acho foi dessa forma que inventaram a expressão sobre o óbvio que nos era oculto: “estava na ponta do nariz”.
Deu até vontade de chorar: sei tão poucas coisas sobre mim. E, se isso – posso garantir! - não significa um caráter absolutamente altruísta, demonstra, sim, o cúmulo da ignorância!
- É aqui que eu costumo passar a base e o pó de arroz? Mas os defeitinhos estão um pouco mais para cima!
- Nossa, olha como nascem os fios do meu cabelo! Que impressionante!
- Nem tinha percebido esse corte no meu lábio inferior!

Tenho pensado muito sobre a vida. E as conclusões não são boas...
Sou daqueles paradoxos ambulantes; sou a típica jovem que male má viveu dezenove aninhos e já está cantando “Epílogo” com lágrimas de arrependimento; sou a típica estressada que só trabalha a metade de uma jornada de trabalho; sou daquele tipinho que recentemente eu detestava, aquele sem a menor curiosidade da mudança, conformado com os azedos tabus do mundo.
Ver meu rosto desembaçado – sem depender daquela máquina (leia-se óculos) para intermediar minha comunicação ocular – me deu nova esperança.
Eu que sempre acreditei na beleza dos contos encantados, até achei que deveria cuspir em sua perspectiva romântica da história. Mas se eu, astigmática, tive meu dia de Cinderela, será que não valeria a pena renovar as forças e novamente acreditar?
- Sim!! Não sei se foi um herói ou se foi a fada madrinha – se alguém teve dúvida, vou esclarecer, foi a Lente de Contato mesmo... Nas histórias de princesas e fadas, sempre há um final feliz. Embora na vida real não seja assim, saber que os sonhos talvez possam coexistir com a dureza do mundo é o suficiente! Surge, então, uma esperança que reconstrói a lógica de jamais desistir e se entregar."

Texto do dia 20 de outubro de 2011, quando recebi minhas lentes de contato temporárias. Porém, eu sabia que não poderia comprá-las na época. 
Na sexta-feira passada, dia 18 de novembro, ganhei de presente as duas lindas caixinhas com minhas lentes! O sonho descrito acima parecia impossível, o desafio, intransponível. Mas aconteceu. 
É para que eu possa ver quantas coisas maravilhosas ainda existem nessa vida...

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