11 de maio de 2009

O que eu também não entendo


Por que eu?
Qual é a lógica por trás das coisas boas que nos ocorrem, que existem ao nosso redor?
Será que existe algum sistema que as administre, que as reparta entre a humanidade, (obviamente não se trata de uma divisão igualitária)?
Aliás, como as coisas conseguem ser tão ambíguas, boas para uns, opressoras para outros? Às vezes são benéficas, mas de forma que não enxergamos, além do nosso ponto de vista limitado...

Esses questionamentos me inquietam, motivaram meu longo silêncio no Agradecer. Me vi tão pequena, me envergonhei dos meus próprios agradecimentos. Eram tão egoístas, eram tão típicos de uma vida burguesa, perfeitinha, quase uma afronta a verdade do mundo. Uma ingenuidade que não posso mais aceitar, uma cegueira da qual tenho lutado, inclusive através de propostas como esse blog.

O tempo passou e – adivinhem... – não tenho as respostas.
Acho que elas fugirão de mim para sempre, de forma que minha jornada em sua procura já está traçada até a eternidade. O que é bom se visto como um exercício da nossa humanidade, esta tão enfraquecida no cidadão contemporâneo, historicamente cicatrizado por guerras, preconceito, injustiças, hierarquizações sociais...

E para não mascarar o problema distanciando-o da nossa real dinâmica de vida, vale lembrar dos outros vilões da sensibilidade, já incorporados a nossa rotina: egoísmo, individualismo, consumismo, falta de diálogo. Traduzindo esses “ismos”, falo daquela muralha que cerca cada coração, pagando pela proteção dos sentimentos o preço da ‘objetização’ dos indivíduos; esse muro cria um isolamento cujas conseqüências são preocupantes: nossa geração vive para si e nisso não é capaz de encontrar propósito, sentido, prazer, continuidade, nos acostumamos a um ciclo de mediocridade, de ações vazias.

Me sinto ainda mais frágil para escrever segundo a proposta desse blog.
Não tenho as respostas para o mundo. Meu desafio é então universalizar aquilo que tem me feito tão bem.
Hoje eu preciso agradecer pela minha mãe e meu padrasto. À minha mãe, prometo um capítulo a parte, já em construção, só para narrar suas virtudes. É bom deixar essas coisas registradas principalmente para quando nós perdemos a cabeça e precisamos ser lembrados da essência das coisas...

Agora, pensando no meu padrasto, não há como não me emocionar...
O bem que ele faz para minha mãe já seria suficiente para eu aprová-lo. Só que ele tem ido muito além, como padrão de caráter, exemplo no cuidado de todos. E agora que virou moda pais e padrastos usarem e – literalmente – abusarem de todos os seus “subordinados”, fico mais profundamente agradecida por esse presente grandioso com que convivo.

Não sei porque eu... Aliás, seria radicalmente contra qualquer lógica que enxergasse em mim digna de tal privilégio. Prefiro não entender, apenas agradecer, agradecer. Valorizar.
A grande lição que nos resta diante disso é a seguinte:
A quem muito é dado, muito é requerido.